Lua Cheia

     Tudo parecia tão quieto, tão em paz, parecia ser um momento tão calmo, era apenas o olho do furacão.       Ao olhar para frente e para trás vejo tudo sendo arrancando do solo e girando a minha volta, não consigo distinguir em que momento vir parar aqui nesse completo caos.       Sem saber como agir me sentei, sentei no chão e apenas fiquei a olhar lembranças felizes se misturarem com frustrações todas com rostos semelhantes, ouvindo palavras doces misturadas com palavras amargas vindas das mesmas vozes, fotos se despedaçando e virando confete desse show de horrores.       Decidi andar na direção do caos total em uma das partes criticas do furacão e percebi que não alcançava por mais que continuasse a andar ou até mesmo correr em sua direção, analisando essa situação finalmente entendi que o furacão vinha de mim e que eu sempre estaria no olho do furacão como estar no presente, sendo assim meu passado  e meu futuro sempre estariam se misturando em um verdadeiro redemoinho de

      Em mais uma comum noite onde o corpo está esgotado, a alma já se perdera e a mente não te deixa abraçar o dom de Morfeu, Lira salta de musicas relaxantes para dormir, para filmes que a relaxavam e destes para desenhos conhecidos pelo seu cérebro na inútil intensão de enfim adormecer.      Sua mente já vagou pelo vale sombrio e vergonhoso de dezenas de situação onde Lira passou vergonha, para pensamentos de por que as pessoas nunca permanecem na sua vida chegando à conclusão que irá morrer sozinha, quando achou que estava num buraco escuro sua mente abriu uma nova porta que a sugara para dentro de imagens de seu corpo sem vida em diversas situações, morta em um acidente de carro, uma seringa enfiada na coxa e frascos de fármacos vazios no chão, uma faca enterrada em seu peito com um fio de sangue escorrendo da mesma, uma arma de fogo caída ao lado de seu corpo sem vida com a marca de um tiro em sua têmpora.      O mais inquietante dessa situação é que Lira não se incomoda com

     Existe beleza na imperfeição que somente a alma é capaz de captar.      Num devaneio noturno listei o que me levava a me perder nos detalhes da sua existência.      Em um determinado momento percebi que minha alma estava impregnada de pontos da cor da sua pois admirava até os detalhes de sua imperfeição.      Já me desculpei dezenas de vezes por de forma involuntária ser arremessada nesse negocio insalubre de me apaixonar, porém nunca pedi desculpas a mim por me colocar nessa situação insipida da qual nada sei ou nada tenho como experiência para comparar.      Desculpa alma minha por te impregnar, desculpa corpo meu por te fazer sentir dores por uma situação que nem ao menos é real, desculpa mente minha por viver momentos que por ti ficam repassando, desculpa coração meu ter te entregado de bandeja para ser dilacerado sem pudor.

      Com insônia e sem saber o que fazer para encontrar  o caminho do sono Marcela pegou a chave do carro e resolveu dirigir sem rumo, ao passar o portão pode sentir o olhar de julgamento do porteiro que parecia perguntar, onde será que essa menina pensa que vai?      Existe uma beleza obscura e de uma forma melancólica dirigir no meio da madrugada pela cidade adormecida, os semáforos piscando em amarelo, de vez ou outra um entregador de delivery passando em altíssima velocidade ao lado, de repente uma musica que Marcela era obcecada a uns 5 anos atrás e a sensação foi extasiante, uma felicidade estupida e momentânea, logo os acordes que anunciavam o fim da canção e o êxtase se esvaiu.      Marcela sentia como se tivesse dirigido por horas numa cidade adormecida e vazia, mas observou que nem uma hora tinha se passado, começou uma garoa e parecia um momento magico a menos pelo fato dela ter percebido que ela continuava estacionada a 5 anos atrás junto com a musica que a deixara fe

Lizi como Elizabeth gostava de ser chamada, era uma mulher adulta que não entendia os livros de romance e as músicas melosas e chorosas de amores perdidos, acreditava ser de outro mundo pois nada nem perto de um romance adolescente já tivera em sua vida. A vida era simples, sem amores ou dores de desamores para se preocupar, era apenas no trabalho pensar e em que fim de semana sairia para se embriagar. Mas de repente um sorriso vendo uma mensagem mudou tudo e Lizi sentiu medo e percebeu que já estava afogada num sentimento novo que nunca experimentara antes, assustada tentou desesperadamente se desfazer dessa sensação que não era palpável ou confiável, percebeu ser tarde demais quando começou a entender as letras das músicas apaixonadas e se viu completamente bagunçada por sentir necessidade de estar com aquela pessoa. Lizi ainda uma criança na arte de se apaixonar fez tudo errado e enfim viu seu coração sangrar enquanto batia e fingia sorrisos enquanto queria chorar, ness

     Foram lidos tantos felizes para sempre que involuntariamente uma crença de que o grande amor da sua vida existe e com ele sua felicidade que Alicia se perdeu em dores e mágoas procurando contos de fada em um mundo real, cruel e avassalador.       Depois de compreender que o felizes para sempre não existe e sentir-se muito mais empática com as bruxas das histórias do que com as princesas ela mesma se trancou no castelo onde acreditava ser seguro se privar das emoções mundanas.      Mas não existe feitiço forte o suficiente no mundo real que proteja alguém dos sentimentos para sempre, sempre vai existir alguém que conseguirá quebrar as barreiras e bloqueios, Alicia acreditou nos contos de fadas de novo, já que as barreiras estavam enfraquecidas por alguém isso deveria ser um sinal, mas estava sempre apavorada com medo da dor de ter que reconstruir seu castelo gelado novamente e por isso Alicia não deixou o cavalheiro derrubar suas paredes, deixou a porta aberta e continuava a l

       Laila sentiu o calor do sangue escorrendo pelo seu antebraço, naquele instante não existia dor ou angústia, pela primeira vez a muito tempo sua mente estava silenciosa e o sentimento de estar flutuando em uma neblina era extasiante.      Antes de chegar a essa decisão que parece ser um ponto de desistência, Laila pegou seu caderno com capa de borboletas e ponderou os prós e os contras, esperará 37 anos até por fim a tanta angústia de um vazio que não conseguia encontar a resposta de o que faltava, sozinha e falida somente sentia-se mal por deixar Gipsy o gato de três patas e Pêssego o cão cego, precisava deixá-los com alguém de confiança e agora sim nada mais lhe prendia a sua rotina sem estímulo pra viver.      Foi a melhor filha que pode até não ter mais quem se preocupar com ela no mundo, tentou continuar sendo uma boa amiga, mas dado a sua condição também estava fadada ao fracasso quanto a isso, sem bens financeiros, sem mãe, sem filhos, fato pelo qual agradecia não desejava

Entorpecida com a mistura de antialérgico, antiinflamatório e ansiolítico me encontro num estado de embriaguez química e na viagem que essa mistura me proporciona é estranho perceber que tem mais alguém ali. Dentro de um transatlântico fugindo do apocalipse tenho certeza que algo está errado pois quero me entregar ao canto das sereias que eu sempre abominei. Me vejo fazendo uma reverência a um lorde qualquer num vestido longo e empertigado de tafetá e seda, num belo salão de baile iluminado por milhares de velas. Respirando com dificuldade encontro-me a deriva de um mar tão tranquilo que torna toda a cena apavorante até algo puxar minhas pernas e me levar tão fundo no oceano que me falta oxigênio no cérebro e o mesmo se desliga.   Levanto de um salto assustada e suada, estou segura em minha cama e também nela estou completamente sozinha, um alívio, seria este o sensato sentimento diante desta situação. Quando aconteceu o fenômeno onde prefiro estar desconfortável junto aos

     No instante em que eu vi seu sorriso pela primeira vez, mesmo que de longe e com os óculos vencidos eu pude ouvir algumas músicas tocarem simultaneamente na minha cabeça e sabia tudo que iria acontecer e mesmo assim eu sorri de volta me perguntando se minha sobreposição de blusa não era colorida de mais.     No segundo em que a droga do seu perfume que ridiculamente fica muito melhor misturado ao seu cheiro que colocado em qualquer página de revista eu já estava completamente bagunçada, talvez esse mistura química seja nociva, ou entorpecente ou não é nada e minha mente fez tudo ser maior do que é.      Porém no momento seguinte em que a estação mal sinalizada de rádio no meu cérebro foi silenciada, naquele momento em que eu já não me lembrava o que eu estava vestindo e a droga inebriante do teu perfume se misturou ao gosto que você tem e ali eu soube que eu estava completamente ferrada.      Talvez fosse mais fácil se a droga daquele beijo não tivesse sido a coisa mais próxima da

      Numa noite cinza, nublada de temperatura amena após mais uma luta com meu subconsciente para enfim dormir, o mesmo me pregou uma peça me servindo sonhos vividos que até pareciam memorias enterradas, coisa que sabia não ser verdade e sonhar é novidade depois que envelheci.      O sentimento desse sonho ainda me envolve a pele e eu viveria neste lugar que minha mente criou com facilidade, não me recordo com exatidão de tudo, o calor fresco na minha pele o gosto doce em meus lábios à quietude na minha mente a trilha sonora perfeita tocando com exatidão, neste lugar que não é lugar algum tudo se encaixava perfeitamente como peças de lego e não existia excitação ou ansiedade em meu coração, tudo parecia um livro em branco onde eu poderia rescrever toda a minha história até aqui, porém agora em total consciência desse lindo e impossível sonho me vejo perguntando o que teria eu mudado nessa história?      Mudaria assim tanta coisa e seria eu o que eu sou hoje já que o que eu sou é

      Sentada na platéia esperando o espetáculo começar, logo observei que não estava sozinha olhando a cortina vermelha, alguns outros rostos, outros indivíduos se acomodavam em lugares que não pareciam ser deles mesmos.        Ao ver a cortina abrir e a marionete dançar no palco com um sorriso esculpido na madeira, um sentimento amargo me surgiu, no meio da história que somente se desdobrava sobre si mesma e tornando tudo ainda mais confuso para quem assistia, me vi perguntando como a marionete se sentia nisso tudo, novos rostos vazios apareciam no meio do espetáculo muitos destes mal se sentavam logo se levantavam e sumiam sem respeito algum ao evento.        Em um determinado momento a marionete retirou a máscara de madeira com o sorriso, e seu verdadeiro rosto era quase humano porém triste, uma tristeza tangível e palpável, neste instante a sala quase ficou vazia, mas logo a máscara com um belíssimo sorriso esculpido lhe foi colocada novamente e tudo continuava uma bagunça.      A

     A vida é confusão, confusão de sentimentos, confusão de pessoas, confusão de pensamento e assim por diante, mas além das confusões exite o fato de que tudo acaba no meio, nunca parece ser o bastante e de repente a vida e as confusões acabam.        No meio da confusão diária que é a vida de cada um pode não sobrar tempo pra dizer as outras pessoas a importância delas na nossa própria confusão e as vezes a dor de perder alguém se reflete ao não dizer a ela que a existência dela era parte do seu aglomerado de coisa, informações e pessoas ou seja da sua vida.      Não deixa pra pensar nisso quando essa dor chegar, não tenha medo de expor essa conexão que nada tem a ver com tempo e sim com a vontade do encontro de almas.

      Numa noite quente, com o céu iluminado pela imensa lua cheia, não consigo distinguir o que me aperta o coração, olho pela janela do quarto de hotel e consigo sentir o gosto da confusão de sentimento misturados como num coquetel dentro de mim. Euforia? talvez, se for momentânea. Angústia? provavelmente, porque não saberia dizer. Dúvida? sempre tem uma pairando.        A soma destes e tantos outros sentimentos refletem nada mais que a melancolia persistente. Sinto falta da simplicidade dos sentimentos infantis e fáceis de decifrar. Tantas vezes olhei para o brilho da tela do telefone esperando algo extraordinário que pudesse mudar meu estado de espírito contínuo que já não sei mais distinguir o que estou vendo.      Perdida, atordoada, termino a madrugada adentro lendo o mesmo capítulo de um livro surrado ou ouvindo as vozes familiares de um filme dos anos 80, talvez hoje para mudar eu coloque uma música nova para adormecer, quem estou querendo enganar provavelmente se optar pe