Ontem e Hoje

     Quando criança eu era muito pálida e magricela e já tinha aquelas veias roxas e verdes espalhadas
pelos braços e pernas, mais as veias não me incomodava, meu cabelo não me incomodava, meu corpo não era uma preocupação. Eu era bailarina e lutadora e o mundo era um livro de muitas paginas em branco onde eu poderia escrever nessa historia qualquer coisa. Eu cresci.
     Na pré adolescência eu comecei a descobrir frustrações, pequenas mais que foram o suficiente pra conhecer uma válvula de escape chamada "comer pra compensar". Eu já não era mais tão pálida, mais algumas veias roxas permaneceram enquanto as verdes deixaram saudades da mistura de cores, eu era a mais alta da turma e não era mais bailarina muito menos era magricela, meu corpo mudou radicalmente e de magrela eu passei a bujãozinho e o pior eu passei a me importar com o que falavam sobre mim, e brincar de policia e ladrão na escola passou a ser brincadeira de menino.
     Ai 15 anos, e a mania de achar que você já é adulta, eu já não morava mais na mesma casa que morei durante doze anos, nem na mesma cidade, da criança pálida e magrela, só restou as veias, por que agora sou uma adolescente chata morena e com um corpo estranho, não era magra nem gorda com partes maiores que as outras, era estranho pensar em mim, mais os olhos e as esperanças eram os mesmos da criança pálida.

     Chegar a faculdade não foi a coisa mais difícil que me aconteceu, e eu já não era mais tão chata e meu corpo estava em sua melhor fase, até as veias roxas eram menores, amava meu cabelo e conquistei a primeira parte do sonho dos olhos brilhantes da criança pálida, mal sabia eu naquele dia chuvoso da matricula na faculdade que eu estava entrando na minha pré vida de adulto e que hoje eu estaria ainda mais diferente que todas as épocas que eu já estive, medo do futuro, triste pelo presente e cheia de saudades da menina magricela, pálida de cabelos arrepiados que brincava de policia e ladrão e recebia um beijo de boa noite todos os dias não importa o que tivesse ocorrido no mesmo.
     O que resta agora é esperar pra ver o que vai acontecer as veias roxas que agora eu já sei que não me deixaram e com os medos e as decepções e as coisas que os olhos da crianças pálida ainda não pode ver.


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