Roda Gigante

 

Não foi fácil convencer o operador da roda gigante a me deixar ir sozinha no brinquedo, mas no fim ele não estava tão preocupado com a segurança no brinquedo e sim em diminuir logo a fila e me deixou subir sozinha, ali em cima onde os sons dos outros brinquedos e do burburinho de humanos conversando, sorrindo e até mesmo chorando se transforma num sussurro longínquo e depois de muito subir e descer a vez do meu acento estacionar no ponto mais alto da roda gigante chegou, esse momento é esperado com frio na barriga por adolescentes com seus primeiros namorados, a expectativa de um beijo longe de todo mundo, até pedido de casamento eu já presenciei aqui, mas não era meu, assim como o beijo de alguém ou a companhia aqui em cima, me acostumei a companhia de mim mesma e do vento mais frio que sopra por aqui, da sensação de paz e quietude, da vontade de ficar aqui por mais que alguns poucos instantes.

Nós momentos em que se segue ali de cima eu olho o céu ainda mais distante de mim, sinto que tudo pode ser resolvido e acalmado, minha mente parece se calar e apreciar aquele momento, eu tomo um gole do milk-shake e sinto uma faísca de felicidade que se esvai como espuma ao sentir o solavanco que me diz que vamos rodar mais uma vez e sou tragada para um ar cheio de vozes, risadinhas e garotas com medo de altura, nunca tive medo de altura quanto mais alto melhor, mas já fui uma das vozes estridentes rindo e me divertindo com alguém sentado ao lado, no entanto gosto mais da forma que aprecio esse momento sozinha. 


Eu já sonhei com dividir esse acento no meu lugar de paz nos poucos instantes que a roda gigante me leva ao ponto mais alto, já imaginei ter uma mão segurando a minha e desfrutando dessa felicidade silenciosa, mas como na roda gigante, desci desse pensamento e coloquei os pés no chão, ainda bem que eu sempre convenço os operadores do brinquedo a me deixar ir sozinha.

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