Lua Cheia

Entorpecida com a mistura de antialérgico, antiinflamatório e ansiolítico me encontro num estado de embriaguez química e na viagem que essa mistura me proporciona é estranho perceber que tem mais alguém ali. Dentro de um transatlântico fugindo do apocalipse tenho certeza que algo está errado pois quero me entregar ao canto das sereias que eu sempre abominei. Me vejo fazendo uma reverência a um lorde qualquer num vestido longo e empertigado de tafetá e seda, num belo salão de baile iluminado por milhares de velas. Respirando com dificuldade encontro-me a deriva de um mar tão tranquilo que torna toda a cena apavorante até algo puxar minhas pernas e me levar tão fundo no oceano que me falta oxigênio no cérebro e o mesmo se desliga.   Levanto de um salto assustada e suada, estou segura em minha cama e também nela estou completamente sozinha, um alívio, seria este o sensato sentimento diante desta situação. Quando aconteceu o fenômeno onde prefiro estar desconfortável junto aos

     No instante em que eu vi seu sorriso pela primeira vez, mesmo que de longe e com os óculos vencidos eu pude ouvir algumas músicas tocarem simultaneamente na minha cabeça e sabia tudo que iria acontecer e mesmo assim eu sorri de volta me perguntando se minha sobreposição de blusa não era colorida de mais.     No segundo em que a droga do seu perfume que ridiculamente fica muito melhor misturado ao seu cheiro que colocado em qualquer página de revista eu já estava completamente bagunçada, talvez esse mistura química seja nociva, ou entorpecente ou não é nada e minha mente fez tudo ser maior do que é.      Porém no momento seguinte em que a estação mal sinalizada de rádio no meu cérebro foi silenciada, naquele momento em que eu já não me lembrava o que eu estava vestindo e a droga inebriante do teu perfume se misturou ao gosto que você tem e ali eu soube que eu estava completamente ferrada.      Talvez fosse mais fácil se a droga daquele beijo não tivesse sido a coisa mais próxima da

      Numa noite cinza, nublada de temperatura amena após mais uma luta com meu subconsciente para enfim dormir, o mesmo me pregou uma peça me servindo sonhos vividos que até pareciam memorias enterradas, coisa que sabia não ser verdade e sonhar é novidade depois que envelheci.      O sentimento desse sonho ainda me envolve a pele e eu viveria neste lugar que minha mente criou com facilidade, não me recordo com exatidão de tudo, o calor fresco na minha pele o gosto doce em meus lábios à quietude na minha mente a trilha sonora perfeita tocando com exatidão, neste lugar que não é lugar algum tudo se encaixava perfeitamente como peças de lego e não existia excitação ou ansiedade em meu coração, tudo parecia um livro em branco onde eu poderia rescrever toda a minha história até aqui, porém agora em total consciência desse lindo e impossível sonho me vejo perguntando o que teria eu mudado nessa história?      Mudaria assim tanta coisa e seria eu o que eu sou hoje já que o que eu sou é