Lua Cheia

     Quando criança eu era muito pálida e magricela e já tinha aquelas veias roxas e verdes espalhadas pelos braços e pernas, mais as veias não me incomodava, meu cabelo não me incomodava, meu corpo não era uma preocupação. Eu era bailarina e lutadora e o mundo era um livro de muitas paginas em branco onde eu poderia escrever nessa historia qualquer coisa. Eu cresci.      Na pré adolescência eu comecei a descobrir frustrações, pequenas mais que foram o suficiente pra conhecer uma válvula de escape chamada "comer pra compensar". Eu já não era mais tão pálida, mais algumas veias roxas permaneceram enquanto as verdes deixaram saudades da mistura de cores, eu era a mais alta da turma e não era mais bailarina muito menos era magricela, meu corpo mudou radicalmente e de magrela eu passei a bujãozinho e o pior eu passei a me importar com o que falavam sobre mim, e brincar de policia e ladrão na escola passou a ser brincadeira de menino.      Ai 1...

     O perfume que tu deixa impregnado em meus lençóis é a prova que você é real, tão sutil e tão marcante como as lembranças de cada toque de suas mãos a minha pele, de cada sorriso que você me arranca mesmo não estando aqui.      Tenho medo de cada boa sensação que tu arranca de mim, tenho medo dessa desconhecida que me transformo quando está perto de mim, mais só tenho medo depois que você vai embora e percebo que com você eu sou diferente, eu sou melhor.      Ando como quem ando num campo minado quando o assunto é você, não por você mais por mim, não quero perder o perfume que você deixa em meu lençol, não quero perder as boas sensações e não sei como agir para não perder o que eu ainda não sei se posso ter.      E de repente as coisas tem funções diferentes, e o medo de se permitir ao completo desconhecido dentro de mim mesma  e da minha vida pode estragar o que parece o inicio de um filme dos anos 70, o problema ...

     Quando as dores e as lagrimas possuem novos nomes e novos rostos o sorriso veste uma armadura de aço.      Já fui parar na lona tantas vezes que nem me lembro mais, mais não são os nocautes vindo de diferentes punhos que vão fazer com que eu desista de lutar, na verdade são as poucas no entanto gigantescas vitorias que não me deixa desistir de sentir o sabor de ser campeão.      Tem sempre novos treinadores, e novos motivos pra sentir o coração aquecido, fazendo com que a força seja renovada e que ao entrar no ringue da vida, dia apos dia com a gana de sair de lá com o velho sorriso blindado.      No fim dessas lutas todas não serão os nocautes que contaram, mais sim os muitos sorrisos que conquistei, os corações que eu abrandei e as vitorias cheias de histórias que conquistei. E os nocautes? Serviram pra me deixar forte como nunca.